Homens e Deuses. Uma História Real.
Foi Numa Manhã triste em que eu me sentia sufocado pela ação burocrática do estado e a doença capitalista que infelizmente detectei na mente daquela que elegi para ser minha “advogada” (e de fato deve estar dentro de qualquer advogado que defende os dogmas do sistema e o sustenta através de verossímeis mentiras em troca de dinheiro), que sem querer a cinco para dez da manhã encontrei este belo filme em cartaz. Era uma sessão de cinema com café da manhã a um preço bem barato. Eu havia estado rapidamente no consulado do Brasil, onde precisava resolver algumas pendências burocráticas e logo desisti graças a uma enorme fila e uma TV de volume bem alto ligada na TV Globo, parecendo desejar manter o doutrinamento mental de brasileiros até mesmo fora do país.
Aquelas pessoas numa fila, (recebendo aquelas imagens e sons estridentes de uma emissora que aliena e mata mais que o tráfico de drogas em nosso país) respeitando aquela instituição que as escraviza, controla e pune com ares de que as orienta, me fizeram sentir raiva e desistir de resolver as coisas para a quais ali estava e descendo a parte de cima da Rambla de Catalunya que é perpendicular com a famosa avenida diagonal, encontrei o Cine Alexander que é uma mistura de casas de espetáculos com sala de projeção e alguns dias por semana de manhã faz essa promoção de café da manhã com sessão de cinema.
Eu não conhecia a história do filme, menos ainda que o tema contava uma história real:
Monges católicos franceses, que viviam em um monastério num longínquo povo da Argélia cuidando das pessoas, proporcionando a elas serviços de saúde e atenção que o estado não proporcionava. O povoado havia crescido e subsistido graças á ação cristã e a caridade desses monges ao longo do tempo, vivendo em perfeita tolerância religiosa de culto entre cristãos e muçulmanos, se enfrentavam agora com os problemas de grupos de terrorismos, a corrupção do governo e se debatiam com a dúvida de abandonar o povoado e monastério e seguir de volta para seus países, ou simplesmente ficar e enfrentar as conseqüências. O serviço dos monges estava baseado em cânticos gregorianos, agricultura e o tratamento das enfermidades do povo local, assim como ajuda para resolver pequenos problemas que iam desde a falta de comida até a escassez de roupas e utensílios de vida.
O enfoque principal do filme é a individualidade e o cotidiano dos monges que é algo bem diferente do que a mente comum cria, além do questionamento direto a respeito de: “Quem São os verdadeiros terroristas do planeta terra”? A ação da imprensa mundial em relação a verdade dos fatos sobre o que acontece longe dos nossos olhos e nos chega como notícia e a necessidade de vendas de manchetes sensacionalistas que é o que sustenta de verdade as grandes imprensas.
Os monges e seu monastério acabam servindo como fiel de balança entre o exército nacional e os guerrilheiros independentes. Existe pressão por parte do presidente da república assim como as forças armadas para que os monges deixem o país e fechem o monastério, enquanto que no contato com os chamados “terroristas” (apesar de ameaçador) a honra e o respeito as diferenças de pensamento e culto, surpreende os monges que até então tinham como todos a simples impressão de que se tratava de assassinos e terroristas frios.
Decididos a resistir e ali permanecer, sem a necessidade de proteção das forças armadas argelinas, o monastério começa a sofrer ações de transtornos como blitz e outras formas de se exercer pressão por parte do estado, enquanto os “terroristas” recorriam ao monastério apenas para pedir medicinas e para que os monges curassem seus feridos. A certeza megalomaníaca de militares que acham que fazem o bem e justificam a humilhação, o assassinato e a indústria da morte através desse “bem” que foram doutrinados a acreditar que praticam, cria um antagonismo que nos faz refletir e perceber quanto o “estado” que representa um país, maquiado por políticos, um sistema mentiroso chamado "democracia" e sustentado por forças armadas com a desculpa de fazer a segurança da população civil e das fronteiras, nada mais é do que uma macro-quadrilha que leva as população a ser fichada, controlada e monitorada com ares de “proteção anti-terrorista”.
O Final do filme é trágico e óbvio e deixa uma lacuna em forma de pergunta em nossas mentes que é a não resposta de quem seqüestra e executa os monges do monastério, deixando perfeitamente claro que é bem possível que o serviço secreto argelino tenha realizado esse serviço, já que as investigações a respeito desse crime, continuam até hoje um mistério.
Mais do que um testemunho da história o filme é uma brilhante forma de se enfocar o poder do cristianismo redivivo, feito por homens com vocação cristã e não por uma igreja usurpadora da Verdade do cristianismo. O Medo da morte usado como forma de manipular a missão dos homens e a propagação da guerra por forças obscuras que controlam tanto os governos como os grupos terroristas para-militares, que em verdade tem a mesma formação e doutrinação mental assassina que os pretensos “militares” que o estado adestra e lava o cérebro com a desculpa de proteger a população e as fronteiras de um país na base de armas e ameaças.
Uma obra prima dirigida pelo francês Xavier Beauvois e vencedor do prêmio de Júri em Cannes no ano de 2010, que recomendo a todos que assistam.
Muito amor, verdade e bom cinema para o mundo:
Namastê –
Ruy Mendes – Julio 2011