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domingo, 25 de dezembro de 2022

Pedro HMC: Biografia Não Autorizada - Novo Livro de Ruy Mendes já Disponível na Amazon.com

 


É com jubílo e alegria que no décimo quinto dia do décimo segundo mês do ano de 2022, do calendário gregoriano da era cristã,  o Blog Médico Animósico vem a público em nome da Casa Real Sagrada de Sïrius e Grupo de Sábios, através de Seu Veículo Físico, Médico Animósico e Conector Atemporal, Ruy Mendes, que é esse que lhes escreve, para divulgar mais uma brilhante obra literária independente, tratando do tema que dá título a nossa postagem do dia de hoje. 


Como todos sabem, Ruy Mendes é irmão do jovem Pedro HMC, famoso ativista radical fundamentalista das causas sexistas que criou o canal "Põem na Roda", que o transformou em uma subcelebridade da internet, reconhecida no Brasil e no mundo por seu intenso trabalho a favor dos gays, das prostitutas e dos transexuais e que se afastou das redes sociais, da fama e da badalação, graças ao suicídio de seu cônjuge, o policial e ativista transexual, Paulo Vaz, no mês de março de 2022, horas depois que um vídeo de Pedro realizando sexo oral com outro homem, vazou na internet se tornando viral, dinamitando para todo sempre a aura de "bom moço" e "politicamente correto", criada por Pedro para consigo mesmo, durante esse período.


Foram meses de trabalho árduo e compenetrado, escrever o livro e realizar a biografía de meu irmão caçula Pedro, contando os principais eventos de nossa infância em família, que certamente foram fundamentais para que ele fizesse as desastradas escolhas que acabaram materializando seu ostracismo e o abandono de suas atividades profissionais, tendo que recomeçar sua vida desde o zero. 


Em nossa postagem de hoje, compartimos com nossos leitores e leitoras os links para que possam adquirir as três versões do novo livro Pedro HMC: Biografia Não Autorizada.

A nova obra literária pode ser adquirida na versão digital, por um donativo promocional de apenas $5,00 Dólares, até o final desse ano de 2022 e também podem ser adquiridas na versão capa comum e capa dura, como nos exemplos ilustrativos com os devidos links abaixo de cada uma das capaz.


Além disso, oferecemos a nossos leitores e leitoras aqui do blog a possibilidade de ler os 02 primeiros capítulos do livro de forma totalmente gratuíta.





Logo abaixo, nossos leitores e leitoras podem desfrutar a leitura dos 2 primeiros capítulos do livro de forma totalmente gratuita, como incentivo para que colaborem e adquiram a brilhante obra seja no formato digital, capa comum ou capa dura.


Pedro HMC:

Biografia não Autorizada.

Ruy Mendes

 

 

 

PREFÁCIO:

 

Dizem que todas as histórias tem 03 lados: A versão de cada um e a verdade sobre o que aconteceu.

Amparado na divina Lei do Karma e na Sagrada Lei da Providência, resolvi escrever a biografia de meu irmão mais novo Pedro Henrique Mendes Castilho sem pedir autorização a esse.

Primeiramente porque o fato de ele me autorizar ou não é indiferente a meu direito de compartir minhas memórias e tudo aquilo que fui testemunha enquanto irmão.

Creio profundamente, que não haverá pessoa melhor e mais preparada que eu nesse mundo para regressar no tempo e através da própria história, resgatar e compartir todas as minhas lembranças e os meus registros pessoais gravados a fogo em minha memória, principalmente ao longo da infância, da pessoa de meu irmão mais novo, que eu vi nascer e chegar em minha casa, dizer as primeiras palavras e aprender andar e que depois de grande, se tornou uma pessoa famosa ao longo da juventude e que para a grande maioria das pessoas que o conhecem e admiram é motivo de orgulho e referência de “êxito”, quando em verdade para mim pessoalmente, a história de meu irmão conhecido como Pedro HMC, nada mais é do que a prova definitiva e cabal de que tanto o homossexualismo como a transexualidade, são patologias causadas pelos desvios sexuais da personalidade humana masculina e feminina, que pode e deve resultar em diferentes tipos de enfermidades e degeneração.

 

Depois de passar toda uma vida sendo injustamente acusado de “homofóbico” e sendo usado como álibi por meu irmão mais novo e o mais velho para que ele pudessem primeiramente manter o seu estilo de vida vulgar, desonesto e promíscuo e logo justificar para nossa mãe, para si mesmo e para o mundo, aquela forma arrogante de ser, suas escolhas infelizes e no caso do Pedro principalmente, seu compromisso profundo com a busca frenética por sexo e também pela fama, que resultaram acima de tudo em uma história traumática e triste graças a toda uma juventude de frivolidade, desprezo, devassidão, promiscuidade e vulgaridade que deram a ele o status de “youtuber celebridade” a um alto custo, status esse do qual Pedro desfrutou até os 36 anos de idade.

Considerando tudo isso, acredito que é chegada a hora de eu como irmão e testemunha de sua história, realizar esse trabalho e esse registro histórico a respeito da biografia daquele que para mim sempre será o Pedro, meu irmão mais novo, mas que para o Brasil e até para o mundo, se tornou o Pedro HMC, um ativista fanático e radical das causas sexista da comunidade LGBTQIA+ no início do século XXI, consagrando assim de maneira traumática o fim de toda uma era para si mesmo, ao se tornar viúvo de sua esposa, que se fazia passar por homem, definida como uma “mulher transexual” e que aos 36 anos de idade, viria a suicidar-se, justamente depois que um vídeo de meu irmão Pedro fazendo sexo oral com outro rapaz viralizou nas redes sociais, dinamitando assim para sempre sua aura de “bom moço” e “politicamente correto”.

 

As pessoas do ocidente em geral, principalmente em nossos dias de hoje, tem o costume instintivo de sentir pena e consequentemente querer defender o que fazem chamar de “direitos dos homossexuais” e o direito de todas as pessoas que estejam identificadas ou sejam parte de um coletivo de uma minoria que “sofre”, criando e alimentando um complexo de superioridade para com esses coletivos e com os indivíduos que os compõem, mas a grande verdade que meu irmão Pedro e a vida me ensinaram é que quase nenhuma dessas pessoas que desejam transformar os coletivos sexistas em entidades superiores dando a esses leis e direitos exclusivos que os distinguem e superiorizam enquanto seres humanos, tiveram que conviver seja com um homossexual, seja com qualquer representantes dessas minorias que sofrem, dentro de sua própria casa e debaixo do próprio teto, como eu convivi com Pedro por um período mínimo de 26 anos, pelo menos.

 

Dessa forma busco aqui não apenas compartir minhas memórias a respeito da biografia de meu irmão mais novo mas principalmente, fazer um testemunho pessoal e desfazer os misticismos e tabus, as mentiras e as falsidades, que todo personagem social que se sujeita a ser um ativista sexista como foi meu irmão, tem que sustentar para dar certo.

Antes de defender os direitos das pessoas homossexuais como se essas fossem superiores a raça humana, gostaria que cada cidadão do mundo tivesse a oportunidade de viver por um período mínimo de 10 anos debaixo do mesmo teto que essas pessoas experimentando o convívio com elas, para assim ter conclusões racionais e honestas a respeito de quem eles realmente são e tudo de ruim e insuportável que são capazes.

Espero que a história contada nesse livro sirva fielmente de inspiração e de legado para que as futuras gerações de jovens de nosso planeta tomem posse de seu corpo e de sua sexualidade, resgatem sua pureza e nessa se blindem e jamais permitam ser violados e manipulados de forma sexual e psicológica, em nome da fama, como considero que meu irmão Pedro se deixou ser e foi e toda a geração que veio depois dele ainda está sendo, para fins de prostituição, homossexualidade e pedofilia, que nada mais são do que os degraus evolutivos de toda obra satânica e perversa.

 


 

 

Este livro é dedicado ao Espírito de Minha amada e bela Mãe, Micé. De meu pobre e perverso pai, Evanir Castilho. Ao Espírito daquela que foi a minha Avó tão severa, dona Célia e ao espírito daquela que foi a melhor tia do mundo: a Táta. A todos os nossos tios, tias, primos e primas, seus filhos e seus netos. Aos nossos ancestrais e familiares feitos de luz. Aos miseráveis e canalhas ladrões de terra. Ao Pedro e ao Paulo e a todos os demais pobres coitados que habitam nossa linhagem de DNA.


 





 


 



 

INDÍCE

 

CAPÍTULO 01 – OS PAIS DO PEDRO

 

CAPÍTULO 02  PAULO & RUY: QUANDO ÉRAMOS 02

 

CAPÍTULO 03 – A ANUNCIAÇÃO: A TERCEIRA GRAVIDEZ DE MARIA CÉLIA

 

CAPÍTULO 04 – 40 DIAS NA UTI E A INCERTEZA DE SOBREVIVER

 

CAPÍTULO 05 – A CHEGADA DO PEDRO EM CASA E A INFÂNCIA NO EDIFÍCIO ESTELA

 

CAPÍTULO 06 – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E TORTURA PSICOLÓGICA

 

CAPÍTULO 07 – DIVÓRCIO E SEPARAÇÃO DOS PAIS

 

CAPÍTULO 08 – MÃE E FILHOS: A VIDA NO EDIFÍCIO DENVER

 

CAPÍTULO 09 – O PAPAI NÃO GOSTA DA GENTE E TEM UMA NOVA NAMORADA

 

CAPÍTULO 10 – PARALISIA RADIAL

 

CAPÍTULO 11 – MUDANÇA PARA SOROCABA

 

CAPÍTULO 12 – CRIADO POR VÓ E PROTEGIDO PELAS MULHERES

 

CAPÍTULO 13 – O REGRESSO DEFINITIVO A CAPITAL, SÃO PAULO

 

CAPÍTULO 14 – PEDRO E SUA ADOLESCÊNCIA MISTERIOSA

 

CAPÍTULO 15 – BOZO, SÍLVIO SANTOS, MAURÍCIO DE SOUZA E A TELEVISÃO BRASILEIRA: COMO LAVAR O CÉREBRO DE UMA CRIANÇA INOCENTE PARA QUE ELA QUANDO JOVEM, SE PROSTITUA?

 

CAPÍTULO 16 – A CHEGADA DA INTERNET EM NOSSA CASA

 

CAPÍTULO 17 -  A FEBRE DAS SPICES GIRLS

 

CAPÍTULO 18 – PORNOGAFIA GAY NO COMPUTADOR DE CASA

 

CAPÍTULO 19 – BERG E FERNANDO: O GAROTO DE PROGRAMA E O ANÃO DE CIRCO. NOSSOS NOVOS INQUILINOS.

 

CAPÍTULO 20 – RUY VAI PARA ESPANHA E PEDRO SAI DE CASA

 

CAPÍTULO 21 – AS AMIZADES E OS ROMANCES DO PEDRO

 

CAPÍTULO 22 – REGRESSÕES DE VIDAS PASSADAS

 

CAPÍTULO 23 – A METEÓRICA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DE NOSSO IRMÃO PEDRO

CAPÍTULO 24 – NÃO GOSTO DE MULHER

 

CAPÍTULO 25 – ASSUMINDO-SE HOMOSEXUAL PARA A MÃE E TODA FAMÍLIA

 

CAPÍTULO 26 – ORGULHO GAY: PEDRO VEM PRA EUROPA

 

CAPÍTULO 27 – A CRIAÇÃO DO CANAL POEM NA RODA

 

CAPÍTULO 28 – NOSSO ÚLTIMO ENCONTRO EM SÃO PAULO

 

CAPÍTULO 29 – MORTE DA MÃE E DIVISÃO DA HERANÇA DEIXADA

 

CAPÍTULO 30 – VIÚVO DE UM TRAVESTI

 

 

 

 

CAPÍTULO 01

OS PAIS DO PEDRO

Ao longo da vida e através do nobre trabalho com o sacerdócio terapêutico, aprendi que nada acontece por acaso nem sem um motivo que por vezes já foi estabelecido, desde muitas eras. As vezes antes mesmo da criação da matéria e do tempo.

Por mais que uma pessoa queira e possa dar um destino brilhante para a própria existência através do status e da fama, da riqueza e do reconhecimento das massas, esse não é o principal motivo pelo qual nascemos e certamente esses eventos não farão a menor diferença para o cumprimento de nossas missões de vida e a programação existencial de nossa encarnação no planeta Terra, ou quando nossa consciência deixe de animar esse corpo físico, onde estamos encarnados, agora mesmo.

 

Segundo minhas próprias pesquisas e conclusões: O principal motivo do porque uma pessoa nasce é justamente aperfeiçoar as características contidas dentro de sua própria linhagem de DNA.

Em palavras simples, as pessoas nascem porque um dia seus ancestrais existiram e logo para continuar o trabalho de aperfeiçoamento da alma humana, individual e coletiva, que conformam a egrégora de nossos ancestrais.

As pessoas nascem para que os erros e os equívocos ou a incapacidade e a ignorância, os crimes, pecados e sacrilégios de seus pais, de seus avós, bisavós, tataravós, possam ser pagos, acertados, reconfigurados e reajustados, quando não completamente superados e eliminados.

 

Quando um assassino, um torturador, um estuprador, um genocida, um ladrão, um mentiroso, uma prostituta, um proxeneta, um cafetão, um matricida, um pirômano, um carteirista, um trombadinha, ou qualquer pessoa desajustada e “fora da lei” atua dessa forma, toda sua linhagem ancestral tanto quanto a de seus futuros descendentes que ainda nem sequer nasceram, serão afetados e terão de trabalhar para que o erro seja eliminado e para que o crime, seja julgado tanto quanto os criminosos, perdoados ou condenados, seja desde uma perspectiva espiritual, seja desde uma perspectiva cármica segundo a própria lei da reencarnação.

 

Comigo, com meu irmão mais velho Paulo Eduardo e com meu irmão mais novo, Pedro Henrique, que é o personagem central da biografia não autorizada que conta esse livro, não foi diferente.

Nós nascemos justamente para que tudo aquilo de ruim e de errado que existia em nossos avós e segue existindo em nossos pais e é patrimônio maldito de nossas linhagens de DNA, possam ser consertados e principalmente para que os erros e os crimes, seja de nossos pais, Evanir e Micé, seja de nossos avós e ancestrais, casos esses tenham existido, possam ser reparados e recompensados.

 

O Evanir e a Micé foram os meus pais e também foram os pais do Pedro e para compreender melhor a missão de meu irmão Pedro no planeta Terra é muito importante compreender, quem foram nossos pais.

Tanto o Evanir como a Micé são pessoas de famílias humilde que nasceram no interior paulista, ela na cidade de Sorocaba e ele na cidade de Mairinque, ainda que segundo consta, papai tenha crescido na cidade de São Roque.

 

O Evanir era filho do vovô Eduardo e da vovó Teresa e a a Micé, forma carinhosa que as pessoas chamavam nossa mãe para abreviar seu nome, Maria Célia, era filha do vovô Jorge e da Vovó Célia.  

 

Ambos só viriam a se conhecer já na fase adulta da vida, enquanto cursavam a faculdade de direito em Sorocaba.

 

Micé havia tido uma infância e adolescência feliz vibrante e sadia, rodeada de irmãs, um irmão, tios, tias, primos, avós e tios avós, familiares queridos de uma família grande e tradicional de imigrantes portugueses e católicos, que vieram fazer sua vida no Brasil e aqui se estabeleceram.

 

Evanir Ferreira Castilho, o pai de Pedro e consequentemente o meu e do Paulo, nasceu na pequena cidade de Mairinque e teve uma infância e adolescência um tanto traumática, cheia de lacunas e mistérios, entre a cidade de São Roque e Mairinque.

Seu pai, o vovô Eduardo, segundo dizem era um “bom vivant” e já tinha uma certa idade quando o concebeu, fazendo com que Evanir fosse um filho temporão, de uma família de 04, ou 05 filhos que eram seus irmãos, muito mais velhos que ele.

Quando o nosso Pai, Evanir nasceu, seu pai já tinha 60 anos de idade e seus irmãos por volta dos 40, já eram todos grandes, com filhos, casados, o que fez com que tanto sua infância como adolescência fosse bastante solitária e até certo ponto entediosa e desinteressante.

 

As poucas histórias que o Evanir contou de si mesmo durante nossa infância, dão uma dimensão do quanto pode ter sido traumático o início de sua vida até a adolescência.

 

Para começar, a vovó Teresa que era sua mãe, havia nascido em 1904 e era uma mulher um tanto quanto ignorante, impaciente, um tanto rude, algo cruel e bastante dominante. Ela havia crescido em um ambiente doméstico habitado majoritariamente por homens que a super protegiam e por isso não deixaram ela ir á escola o que era comum na época e diziam nossos pais, que ela inclusive aprendeu a ler sozinha observando seus irmãos mais velhos lendo jornal.

O Vovô Eduardo que era o pai de nosso pai, marido da vovó Teresa, era bem mais velho que ela e tinha tido uma brilhante carreira de dentista durante o início de sua vida profissional.

Porém graças ao Estado Novo nos idos de 1939 imposto pelo presidente caudilho, Getúlio Vargas, a universidade através da qual o vovô Eduardo havia se formado dentista, foi caçada, fazendo com que seu diploma fosse invalidado e ele perdesse o direito de exercer aquela profissão.

Naquela época, o anestésico mais utilizado pelos dentistas era o cloridrato de cocaína, o qual vovô e qualquer cidadão podia comprar nas farmácias.

 

A depressão por perder seu diploma de dentista e não poder exercer a profissão que havia escolhido estudar e era formado, fez com que o vovô Eduardo desenvolvesse uma depressão severa, que ele viria tentar curar justamente com o uso do cloridrato de coca comprado na farmácia, que era o anestésico mais popular entre os dentistas da época, o qual ele como um dentista privado de seu diploma e do direito de exercer sua profissão, tinha fácil acesso.

 

Para poder sustentar a si mesmo e a família, além do filho que acabava de nascer e era o Evanir, que é o pai do Pedro, do Paulo e de mim, o vovô Eduardo resolveu ir trabalhar como maquinista de trem, o que era algo que ele nitidamente não tinha talento para fazer e não gostava, o que certamente foi fundamental para sua morte precoce, deixando nosso pai órfão aos 09 anos de idade, por toda uma vida.

 

A grande verdade é que ao olhar para trás, percebo que nosso pai, jamais perdoou a vida por lhe haver arrebatado seu próprio pai quando tinha apenas 09 anos, deixando ele sozinho com a própria mãe, a vovó Teresa, que tinha fama de “torturadora”.

Outro detalhe interessante da vida do Pai de Pedro é que esse dizia aos filhos que havia perdido sua virgindade por volta dos 10 anos, com uma menina muda. A “mudinha” como nosso próprio pai dizia.

Segundo ele contava, a “mudinha” era a menina que todos os meninos do povoado perdiam a virgindade, justamente por que ela era muda e não podia contar nada a ninguém do que havia ocorrido.

Isso realmente me faz pensar o quanto a “perda da virgindade” de nosso pai, não foi com uma menina que era constantemente vítima de estupro grupal?

 

Enquanto nossa mãe foi uma menina de família, educada para ser uma dama, que casou virgem e como toda donzela, pertenceu a um único homem apenas, morrendo assim pura, nosso pai foi um menino caipira, revoltado, rude, ambicioso, “ignorantão”, grosseiro, caipira, um “vida lokadaqueles tempos dele, que desistiu de seu sonho de ser médico para cursar direito, pois acreditava que sua obrigação era sustentar sua mãe, que a essas alturas já era viúva por duas vezes, do vovô Eduardo e de seu segundo marido. Ambos maridos que ela havia tido estavam enterrados no mesmo túmulo, onde ela viria a ser sepultada em sua própria morte.

A vovó Teresa deve ter sido uma mulher um tanto quanto problemática, e talvez tenha sido um pouco cruel, principalmente durante a vida adulta. Existia uma história que dizia que uma vez discutindo com o vovô Eduardo, ela traiçoeiramente derrubou todo o buli de café que havia acabado de passar e ainda estava fervendo, em suas costas nuas pois ele estava sentando na mesma somente usando uma camiseta regara, causando queimaduras graves. Tudo porque ele havia pedido a ela que lhe servisse o café.

Outro caso dizia que ela havia falsificado um atestado médico para impedir que nosso pai Evanir pudesse frequentar as aulas de educação física no colégio, alegando que ele tinha uma saúde “Muito frágil” ou até mesmo “bronquite”, o que era mentira e o fez de nosso pai um menino ainda mais tímido, traumatizado, introvertido, meio bruto e meio pederasta, pois da mesma forma que papai perdeu a virgindade com a “mudinha”, poderia também perfeitamente fazer troca-troca com ao molecada no mato, ou sexo com animais, como era tão comum para os “homens” daquela época, antes de começar a frequentar os prostíbulos da cidade.

Não bastando ser o filho temporão solitário, de um bando de irmãos mais velhos que pouca atenção davam para ele, acumulando assim ainda mais traumas e complexos, a vida de nosso pai alimentaria nele o desejo de ser um grande homem, rico, poderoso, cheio de bens e cheio de posses, nem que para isso toda sua saúde mental e autoestima, devessem ser comprometidos para pior e sua primeira família e seus primeiros filhos devessem ser sacrificados.

 

De fato, durante nossa breve infância, parecia que nosso pai estava constantemente tentando se vingar de nós, por termos pai ainda, enquanto ele perdeu o dele quando tinha apenas 09 anos.

A vida no interior paulista e aquela existência hipocondríaca imposta pela nossa avó Teresa ao nosso pai, que alimentava e cultivava diferentes formas de complexos e traumas, sem dúvida deve ter sido um motor impulsionador para que o papai quisesse crescer através dos estudos e assim construir uma vida melhor em uma cidade maior.

 

A princípio foi na cidade de Sorocaba que o Evanir viria a fazer faculdade de direito, onde de fato conheceria aquela que foi nossa mãe, Maria Célia, a Micé.

 

Enquanto nossa mãe cresceu entre parentes, amigos e primos dentro de uma atmosfera familiar católica onde existia amor, respeito, monogamia, fidelidade, ordem, trabalho, nosso pai cresceu sozinho, cheio de irmãos que não davam quase atenção para ele, órfão de pai desde os 09 anos de idade, com poucos amigos, poucos parentes, com uma mãe cruel e sem grandes motivos para sentir alegria ou gratidão.

 

Enquanto a mamãe nasceu, cresceu e viveu sua juventude como uma donzela a espera de um príncipe, nosso pai nasceu, cresceu e viveu como um menor abandonado, um moleque solitário, um mendigo carente de afeto, atenção e carinho, de educação e mais que tudo honestidade, cheio de desejos e de malícia, o que certamente deveria ter sido superado e suprido, uma vez conhecendo nossa mãe, mas infelizmente não foi assim que as coisas aconteceram. Até 04 anos depois de casado com nossa mãe, nosso pai, mesmo já sendo um advogado, tinha somente os dentes da frente, pois os dentes laterais haviam sido perdidos durante a adolescência graças a falta de cuidado e ausência de dentista durante toda vida.

Foi somente depois de casado com nossa mãe que nosso pai, graças ao tio Neylor, que era marido da tia Gilda, uma prima de nossa mãe que vivia em Santos e era dentista, teve implantado de forma definitiva os dentes que lhe faltavam na lateral da boca, que ele fazia questão de decorar com obturações falsas com coloração dourada.

 

A família Mendes, que é a família de nossa Mãe, oriunda de Portugal, que se radicou em Sorocaba, Mato Grosso, Santos e São Paulo era uma família grande e bastante tradicional, que estava dividida justamente entre a parte mais humilde e trabalhadora, da qual meu avô Jorge e minha mãe Micé eram oriundos e a parte que poderíamos chamar de “rica”, que foi justamente a parte que foi para o Mato Grosso dedicar-se a criação de gado.

Enquanto no MT a família criava gado de leite e de corte, em Sorocaba, aquele que foi nosso bisavô, Theodoro Mendes, tratou de criar um curtume, que é como uma fábrica de couro onde se suaviza seu processo de deterioração e seus aspectos orgânicos, através de químicas industriais. Os animais já vinham abatidos do Mato Grosso e o bisavô Theodoro tinha apenas que tratar o couro que era vendido para fabricantes de bolsas, malas, roupas e etc.

 

O bisavô Theodoro de fato prosperou e muito e durante toda sua vida, tanto ele como a família e o sobrenome Mendes, foram sinônimos de prosperidade e gozaram de imenso prestígio e tradição na cidade, sendo até hoje uma das principais famílias naquela região.

 

Dizem que a sina de toda família é que o avô trabalhe e enriqueça, que o pai filho dele, desfrute essa riqueza e a aumente e que finalmente, o neto, filho desse pai, leve tudo á bancarrota.

 

Com o bisavô Theodoro, talvez as coisas não tenham sido diferentes e essa regra tenha sido seguida á risca. Justamente porque ele, teve 06 filhos, que seriam justamente em ordem de chegada:

O Tio Neco, (Doutor Manoel, médico), o Tio Táta (Doutor Antônio, engenheiro que descobriu o xisto betuminoso no Brasil e ficou imensamente rico, muito mais que todos) A Cotita e a Tia Linda (professoras escolares e fanáticas católicas que jamais se casaram, não tiveram filhos e provavelmente morreram virgens), o Tio Zé e aquele que era nosso avô Jorge Mendes, não sei se necessariamente nessa mesma ordem, mas sei que eram eles os mais novos e diferente dos mais velhos, não tinham formação acadêmica nenhuma e eram apenas técnicos em contabilidade o que sem dúvida criou um abismo entre eles e os irmãos mais velhos, que eram acadêmicos, foram morar em São Paulo, viajaram o mundo e que, reza a lenda, quando nosso bisavô Theodoro morreu e deixou as terras do curtume para os seis filhos, os mais velhos roubaram os mais novos.

 

O roubo de terras feito pelo tio Neco e pelo Tio Táta com a cumplicidade silenciosa das irmãs beatas, Cotita e Tia Linda que foram beneficiadas pelo roubo, perpetrado justamente contra o Tio Zé o nosso avô Jorge, que ficaram com as piores e as menores terras durante a divisão da herança do bisavô Theodoro, viria não apenas a dividir a família por todas suas gerações de descendência futura como principalmente, faria com que os descendentes do vovô Jorge e do tio Zé, fossem pobres e trabalhadores, enquanto os filhos e netos do Tio Neco e do Tio Táta tivessem uma porção de imóveis, lojas, negócios e assim pudessem viver de rendas, sem ter que trabalhar, perpetuando-se assim como “ricos”, pelo menos para os padrões daquela época e durante nossa infância.

 

Ainda que tanto o tio Neco enquanto Médico e o Tio Táta, enquanto engenheiro, tenham conseguido enriquecer por meios próprios ao longo da vida, triplicando a riqueza que haviam herdado do bisavô Theodoro graças a própria profissão, o roubo realmente ocorreu, gerando um grande trauma para toda descendência, que diga-se de passagem, passou a vida negando o roubo para não ter o trabalho de buscar justiça e acertar as coisas.

 

Alguns membros de nossa família, que eram filhos e netos do tio Zé, queriam discutir esse ocorrido e refazer a divisão das terras, mas a grande verdade é que os filhos do vovô Jorge entre os quais nossa mãe se incluí, não tiveram coragem e desistiram e dessa forma passaram toda vida fingindo uma amizade que não existia e tentando maquiar um ódio, que era mais que justo e legítimo.

 

Esses detalhes da história de nossa família, nos fazem compreender melhor as origens dessa sede de fama e sucesso, que desde que Pedro se dava por gente, fizeram parte de seu imaginário.

 

Dessa forma, nossos pais eram então oriundos de realidades altamente problemáticas, que acumularam problemas que não foram resolvidos no momento propício e que inevitavelmente foram herdados pelas descendências futuras, que hoje somos Eu, Paulo e Pedro.

 

Todas essas histórias estão sendo contadas, justamente para que o leitor possa ter melhor compreensão da importância de nossa ancestralidade e como os eventos que aconteceram para nossos parentes distantes, poderão ser repetidos, em nossas próprias vidas.

 

Segundo as palavras de meu próprio pai; Ele nunca havia sido apaixonado pela pessoa de nossa mãe mas mesmo assim acabou casando com ela.

Segundo as palavras de nossa própria mãe, nosso pai havia se casado com ela, iludido de que a família toda era rica e de que uma vez marido da Micé, ele seria herdeiro, não apenas das terras do curtume mas de toda riqueza da família, o que até aconteceu, porém sem levar em consideração o roubo feito gerações antes, que matinha sequelada até hoje, a parte da família que havia sido vítima da desonestidade do tio Neco, do Tio Táta e das tias beatas, tia Olinda e Cotita.

Durante toda minha infância, cresci vendo meus pais discutindo constantemente em casa, no carro, durante os passeios e viagens. Enquanto nossa mãe era uma mulher melancólica com tendência a depressão e talento para o vitimismo, nosso pai era um cara sádico, narcisista, que tratava todo mundo bem na rua e dentro de nossa casa era um torturador cínico e um cruel psicopata dedicado e exemplar, seja com a esposa, seja com os filhos.

 

Desde antes de se casar com nossa mãe, que a fama do papai era a de um mulherengo infiel não apenas na cidade onde vivia, mas também nas cidades satélites próximas, como Piedade, Alumínio, Registro, onde ele já dava aulas e de onde inclusive chegou a ser expulso por namorados ciumentos de mulheres que ele havia flertado, seduzido e comido.

Dizia nossa mãe que nos primeiros anos de casados, papai tinha brotes de esquizofrenia severos, que ela preferia ignorar e deixar passar.

Papai confessou a nossa mãe que uma de suas fantasias sexuais era colocar uma mulher girando em seu pênis como aquelas roletas russas do atirador de facas no circo. Certa feita, papai disse a nossa mãe que se atiraria da janela do apartamento, que estava no quinto andar e durante a queda gritaria que, “minha mãe o havia empurrado”.

A princípio nossa mãe nos contava essas histórias sem ódio e em tom de lembrança, certamente para compensar suas tristezas pelo divórcio e o quanto sentia a ausência do marido. Quando essas histórias aconteceram antes que nós os filhos nascêssemos, ela ouvia aquilo com um misto de interrogação e estranheza, que com o tempo se transformaria em profundo arrependimento de ter aquele sujeito caipira e assanhado,  como marido, pai de seus filhos e como o homem de sua vida.

Se nossa mãe tivesse questionado nosso pai ainda nessa época, enfrentado ele e obrigado ele a se tratar em nome da própria saúde mental, da família e dos filhos, tanto quanto exigindo dele, fidelidade, maturidade e compromisso, certamente o destino de nosso pai teria sido menos cruel e o dela menos odioso.

 

Uma vez que se conheceram na faculdade de direito de Sorocaba, em questão de poucos anos, nossos pais estariam então casados, mais por motivos de aparência e para impressionar ambas famílias, que por amor e desejo de fazer feliz um ao outro.

Por volta dos 30 anos de idade, nossos pais chegaram a viver na chácara do curtume por um curto período de tempo, onde nasceu o irmão mais velho de Pedro, Paulo Eduardo Mendes Castilho.

 

Foi em meados dos anos de 1978, que nosso Pai ao ser aprovado no concurso para Promotor de Justiça, mudariam então de maneira definitiva com esposa e filho, para São Paulo, mas não sem antes perpetuar mais um trauma profundo, seja em si mesmo, seja em nossa mãe, seja nas outras pessoas da família inteira.

 

Nosso irmão mais velho o Paulo, já tinha por volta dos 03 anos de idade, quando a pessoa de nosso pai teve a brilhante ideia de responder afirmativamente aos olhares sensuais e ao flerte da menina Rosana; Uma jovem de 13 anos de idade apenas, que trabalhava como empregada doméstica e babá de nossos primos, que eram filhos do tio Paulo e da tia Norma, irmão e cunhada, de nossa mãe.

 

Depois de passar meses percebendo que a menina o olhava de forma sedutora e descarada, que a mesma aproveitava para passar e esfregar a mão nele nos momentos em que cuidava dos bebês da família, quando esses trocavam de braços e mãos, ele não resistiu e decidiu tomar uma atitude.

 

Foi justamente quando toda família estava reunida nas terras do curtume durante uma festa junina, que todo ano era tradição na família, que o Pai de Pedro ao sair da faculdade onde dava aula, ao invés de se dirigir para a festa onde estava sua esposa e toda família, já sabendo que o irmão de nossa mãe também estaria lá e que a pequena Rosana estaria sozinha na casa do tio Paulo, para lá se dirigiu e tratou de ter relações sexuais com a mesma.

É difícil aceitar que uma menina de 13 anos seduza um sujeito de 38 e mais difícil ainda, imaginar uma relação sexual entre ambos, onde não exista o abuso, mesmo que não exista violência e que a menina seduza, busque e permita a relação.

 

O adultério do doutor Castilho foi até que rápido. Ele e a menina Rosana de apenas 13 anos, tiveram uma relação rápida, quase instantânea, que não duraria nem 05 minutos. Com medo de que alguém da família pudesse chegar de repente, mesmo sabendo que todos estavam a quilômetros de distância, o coito foi consumido justamente atrás da porta da entrada principal da casa, que era de vidro com frestas e cortinas, o  que permitia espiar se alguém chegaria ou o carro de alguém encostaria diante do portão da garagem, facilitando assim uma possível fuga ou o disfarçar da situação, o que não foi necessário.

 

Como bom mulherengo, enquanto todos estavam celebrando a festa junina no curtume, inclusive sua esposa e seu filho de 03 anos junto com todos os demais parentes, papai foi até a casa do tio Paulo, comeu a Rosana em menos de 5 minutos atrás da porta, gozou dentro dela, se despediu e se dirigiu para a festa junina do curtume, como se não tivesse feito nada.

 

O crime de pederastia e quem sabe até pedofilia do Pai de Pedro teria sido perfeito, se em questão de 03 meses depois, a menina Rosana não começasse a mostrar uma leve protuberância em sua barriga, dando sinais de que se encontrava grávida.

Apesar de ser uma menina de apenas 13 anos, do interior, que mal sabia ler e que diziam, tinha medo até de atender o telefone, a jovem adolescente Rosana, era um tanto quanto manipuladora, maliciosa e sabia guardar segredo.

A princípio ela tentou mentir para proteger a si mesma e a pessoa de nosso pai, mas ao não ter ninguém que pudesse apontar como o responsável pela sua gravidez, acabou confessando que o pai era mesmo o doutor Evanir Castilho, o meu pai que também é o pai do Pedro, e assim ela acabou contando toda história sobre como sua gravidez havia corrido, para desespero e vergonha do doutor Evanir Castilho e mais ainda, de nossa mãe.

 

Imagine você leitor como sua mãe e todas as pessoas da família dela se sentiriam, se o seu pai, marido dela, tivesse engravidado uma menina de 13 anos de idade, que ainda por cima é a empregada doméstica e babá dos filhos de seu tio, irmão de sua mãe?

Imagino que cada família deve ter sua própria forma de lidar com esse tipo de evento, mas todos devem estar de acordo que se, algum outro homem da família de nossa mãe, matasse nosso pai a pauladas ou com um tiro de escopeta no meio da testa, seria algo perfeitamente e completamente, compreensível.

Não passou pela cabeça da mãe do Pedro, separar-se daquele homem que havia acabado de trair ela com uma adolescente de 13 anos e ainda por cima engravidado, o que é até compreensível se considerarmos que ela tinha um filho de 03 anos e se sentia apaixonada por esse marido adúltero. Por mais defeituosa que nossa mãe pudesse ser, uma coisa ela sabia, pelo menos antes de ficar velha, que era justamente perdoar e durante os 14 anos de casamento em que nossos pais estiveram juntos, foi assim que nossa mãe permaneceu ao lado dele: Sempre relevando, entendendo, fazendo vistas grossas e perdoando.

 

O fato é que no final das contas e passar do tempo, algo precisava ser feito com aquela menina grávida, com apenas 13 anos. Essa foi justamente a época em que nosso pai estava prestando concurso para promotor de justiça e certamente se aquilo se tornasse conhecido do povo da cidade, essa possibilidade estaria destruída. Como é que um promotor de justiça casado na igreja e já pai de um filho, engravida uma menina de 13 anos e fica tudo por isso mesmo?

Algo precisava ser feito com urgência para que o futuro de nosso pai não estivesse prejudicado e comprometido e em nome desse futuro, não apenas nossa mãe, mas toda família perdoou nosso pai e fez o que pôde para encontrar qualquer traço de “normalidade” naquela situação.

Foi graças a  isso que o tio Paulo, irmão de nossa mãe, afinal decidiu junto com nosso pai e os outros homens da família, ir falar com o pai da menina Rosana, para que esse autorizasse o aborto da criança, o que ele que era um matuto da roça a princípio não quis e nem aceitou, mas graças ao suborno financeiro oferecido por nosso pai e pelo tio Paulo, acabou aceitando e dessa forma nossa família se mudou definitivamente para São Paulo e viveria os próximos anos de sua vida, como se nada disso tivesse acontecido.

 

Essa história só é do conhecimento meu, do Pedro e do Paulo porque nossa mãe, quando era recém divorciada, nos contava essas histórias que ela resistia em contar, mas uma vez que a família inteira sabia, ela acabava cedendo.

 

 

 

CAPÍTULO 02

PAULO & RUY: QUANDO ÉRAMOS DOIS

Antes do Pedro nascer em nossa família, os filhos da Micé e do Evanir, eram apenas eu e o Paulo. É verdade que antes de a Micé conseguir engravidar e ser mãe do Paulo, ela teve dois abortos espontâneos, um intrauterino de 06 meses no banheiro de casa após sair do banho e outra morte daquele que chegou inclusive a ser batizado antes de falecer, logo depois de nascer e foi sepultado com o nome de Zé Maria, em homenagem ao “Tucão”, cunhado de nossa mãe que era esposo da madrinha Lígia e tinha esse mesmo nome, que viriam então depois que o Paulo nascesse, ser padrinhos de batismo dele, uma vez que o Zé Maria, ou os dois primogênitos anteriores ao Paulo em nossa família, haviam falecido e eles seriam os padrinhos.

 

Desde que eu era uma criança pequena, que as pessoas da família me reconheciam pelo fato de ter muito boa memória e guardar detalhes de eventos que haviam passado e que a maioria das pessoas haviam se esquecido, mas graças a minha memória, recordavam.

 

Dos primeiros anos de vida logo após nascer me lembro perfeitamente da decoração do quarto de criança com papel de parede na cor creme e de balões estampados em um tom verde. Me lembro do berço de madeira em que dormia nos primeiros dois anos de vida. Lembro do tablado alto que havia na sala de estar e dividia o ambiente entre a sala de jantar, o hall de entrada e a sala de estar onde víamos televisão. Os ambientes das salas de estar, de jantar e do hall de entrada eram todos forrados com um carpete em tom marrom areia, de maneira que era um prazer passar o dia descalço.

Lembro do ritual diário feito pela minha mãe com canções de ninar, histórias dos palhaços Fuzarca e Torresmo que ela colocava no gravador em fitas k7 antes de eu dormir a noite e leite achocolatado na mamadeira, duas ou três vezes por dia, para que eu acordasse de manhã e adormecesse durante a tarde e por volta das 20h.

Lembro de nossa mãe me ensinar aos 02 anos a rezar o pai nosso, a ave maria e o santo anjo do senhor tanto como cantar a música da Santa Luzia quando fazia um machucado, ou da “fadinha do céu”, quando queria a chupeta (a “têtchie”) e o “pano” que era uma frauda de pano que eu carregava pra cima e pra baixo como fazia o personagem Lino com sua manta, no desenho animado do Snoopy e era o melhor amigo de Charlie Brown.

 

Foi entre os 02 e 05 anos de idade, que me lembro perfeitamente de ter recebido meus primeiros traumas graças aos gritos que meu pai proferia em discussões com nossa mãe, que era sempre mansa e submissa e também de ter os primeiros pesadelos a noite, que seriam marcantes para o desenvolvimento de toda mediunidade ao longo da vida.

 

Da mesma maneira que em Sorocaba depois de casar papai manteve sua fama e caráter de conquistador polígamo e adúltero, a mudança para capital São Paulo, faria com que ele não apenas mantivesse essa postura como viesse ainda mais a incrementar suas possibilidades, mantendo assim em sua vida aquilo que ficou conhecido como as “amantes fixas” e as amantes que eram chamadas de “estepes”, fazendo alusão ao pneu reserva que se leva no porta malas do carro, para substituir, caso o pneu principal, venha a furar ou sofrer qualquer dano.

 

Em São Paulo a vida de nosso pai passou a ser bastante ocupada e agitada uma vez que ele era promotor de justiça no ministério público durante o dia e a noite era professor de direito em até 03 diferentes faculdades que eram a Fasp, a FMU e o cursinho do Damásio, entre outros cursos para pessoas recém formadas em direito que queriam prestar concursos públicos.

 

Enquanto isso, nossa mãe era exclusivamente uma dona de casa recém chegada do interior para a Capital e que se dedicava aos labores domésticos e gastronômicos com todo amor e afinco enquanto cuidava de seus dois filhos que eram eu e o Paulo, que temos uma diferença de 04 anos.

Mesmo tendo 03 formações acadêmicas em direito, letras e filosofia, pelo menos durante essa época, a Micé desistiu completamente de ter qualquer tipo de carreira profissional para se dedicar exclusivamente ao labor de ser mãe e dona de casa, certamente ignorando e fazendo vistas grossas ao seu desejo frustrado de ser esposa, uma vez que nosso pai passava de 12 a 16 horas fora de casa e quando chegava ao cair da noite só queria tomar banho (quando o fazia), ver televisão e dormir, dinamitando cada dia mais toda necessidade de romantismo, amor e companheirismo que certamente nossa mãe em sua natureza feminina e delicada, carecia e dele esperava.

 

Não bastando tudo isso e com o passar do tempo, algumas mulheres que eram alunas no curso de direito das faculdades em que o nosso pai dava aulas em São Paulo, começaram a fazer ligações anônimas em nossa casa para denunciar quem eram as amantes de meu pai, onde ele se encontrava com elas e o que ela deveria fazer para flagrar as traições dele, o que era por ela ignorado, ainda que a deixasse perturbada, pois uma vez foi eu mesmo que atendi uma dessas ligações, aos 04 anos e ela me viu conversando com a mulher que estava do outro lado da linha me fazendo perguntas sobre meu pai.

 

Aqueles telefonemas anônimos de mulheres denunciando as traições de nosso pai, foram as primeiras sementes de amargura que vi  serem plantadas no coração de nossa mãe, que já vinha de um histórico de traição severa graças ao caso da adolescente que era empregada doméstica de nosso tio irmão de nossa mãe e que nosso pai engravidou em Sorocaba, com apenas 13 anos.

 

Não bastando os telefonemas anônimos, fitas K7 com gravações das relações adúlteras de nosso pai com suas alunas e amantes, começaram a ser enviadas a mamãe por correio, ou por pessoas anônimas que não se identificavam e deixavam essas fitas em um pacote para ser entregue com o nome de nossa mãe, na portaria do prédio.

Apesar de todo esse assédio das jovens alunas de nosso pai que desejavam prejudicar ele e expor quem ele realmente era, nossa mãe seguia sua vida de dona de casa tentando ignorar que tudo aquilo estivesse acontecendo, enquanto ia acumulando toda uma tristeza que acompanharia ela pela vida toda.

Nossa mãe parecia ser uma daquelas personagens românticas nas músicas de Chico Buarque que sofrem por amor, como por exemplo na letra da canção: Com açúcar, Com Afeto.

Durante essa fase da vida que compreende minha infância antes que o Pedro nascesse, quando eu tinha já 05 anos, a pessoa de nosso pai foi se tornando cada vez mais temperamental e explosiva e foi nessa época que levei minhas primeiras surras.

Com palmadas, com o chinelo, com a cinta de couro, com a fivela da cinta, com o sapato ou com a botina. Havia todo um leque de opções cada vez que papai ficava nervoso para descontar seu ódio dando surras em mim e no Paulo. Com o tempo nossa mãe que tinha uma natureza mais cálida e muito menos agressiva, também começou a fazer o mesmo a medida em que eu e o Paulo crescíamos e nos tornávamos mais travessos e levados da breca.

 

Hoje ao recordar esses momentos através da memória, fico imaginando o quanto a personalidade de nosso pai tanto como a aparência dele a partir dessa época,  graças a poligamia e a infidelidade conjugal constante para com nossa mãe, foi sendo completamente deteriorada, principalmente a partir dos seus 40 anos de idade, que foi quando ele começou a perder o próprio cabelo de uma maneira fulminante, brutal e definitiva.

 

Até hoje quando vejo o rosto de nosso pai através de fotos, enxergo perfeitamente todas as tristezas cristalizadas que ele começou a colecionar naquela época e certamente acumula até hoje e que começaram a ser construídas por ele justamente naquela fase da vida.

 

 

Ainda que com toda essa crueldade e sadismo que foi característico do  pai de Pedro, em todas as fases da vida, somado a passividade de nossa mãe que jamais reagia ou se revoltava, me lembro de nosso pai por vezes tentar ser uma pessoa mais amorosa, mais atenciosa, que nos levava fazer passeios, viagens, jantar fora. Mesmo assim, tudo era imprevisível. Ele poderia explodir e uma crise temperamental em qualquer momento, brigar no trânsito, ser grosso com alguém por qualquer motivo ou dar uma bronca em mim e no Paulo por fazer bagunça no carro.

É possível que papai por vezes tivesse crises de culpa pelo fato de ser uma pessoa com várias personalidades, bruta, violenta e que era infiel a sua esposa e era nesses momentos que ele fazia algo para agradar a todos.

Ainda assim, sempre acontecia algo para transformar ele em uma pessoa tensa e agressiva, como brigas de trânsito, discussões com estranhos por causa de uma vaga de estacionamento. Quando eu escutava nosso pai gritar dentro do carro e puxar o freio de mão com toda raiva e toda força, eu já sabia que ele iria sair do carro para agredir, ou pelo menos cuspir na cara de alguém que tinha irritado ele, o que entre os 02 e 07 anos de idade, vi ele fazer repetidas vezes com diferentes pessoas.

Papai adorava esfregar sua carteira vermelha com o brasão do ministério público identificando ele como procurador de justiça, na cara de qualquer pessoa que entrasse em choque com ele, inclusive e principalmente policiais militares ou guardas de trânsito, que ao ver sua “estrela de xerife”, (como a mamãe dizia para gente rir) para ele batiam continência.

 

O pai de Pedro era realmente um sujeito temperamental, violento e explosivo, que estava perdendo o cabelo enquanto lhe cresciam uma penugem espessa nas costas de maneira a parecer que usava constantemente um pulôver, mas que assim como o próprio Pedro, era carismático, que sabia ser amoroso, tanto quanto engraçado, cativante e cair nas graças das pessoas ou conquistar elas.

Parecia que quanto mais nosso pai perdia sua harmonia estética e sua beleza da juventude, mais ele se esforçava para ser sedutor, engraçado e até mesmo vulgar.

Como todas as pessoas em nosso planeta, o papai tinha defeitos e qualidades, que com o passar do tempo foram se desarmonizando, graças ao fato de papai manter uma vida dupla entre diferentes personalidades, que por vezes beiravam a esquizofrenia.

Apesar de ter nascido no interior de São Paulo, papai gostava de falar com sotaque carioca do Rio de Janeiro, que ele imitava das novelas da TV, o que tanto nossa mãe, como eu e meu irmão mais velho, sempre achamos ridículo, mas ele não se importava. Durante a semana dentro de nossa casa, ele era um sujeito distante, pois saia pela manhã e só voltava pela noite, muitas vezes quando nós filhos, já estávamos dormindo.

 

Nos finais de semana, era divertido, pois todo mundo acordava mais tarde, tomava café da manhã juntos na mesa da copa, ou da sala e por vezes também ficávamos até tarde ou passava o dia de pijamas.

 

Era comum que nosso pai ao adentrar o banheiro aos finais de semana de manhã, passasse dentro desse um período de até duas horas. Na porta do armário embaixo da pia e em frente a privada de sua suíte, ele construiu uma pequena prancha de apoio com roldanas dobráveis para ler o jornal e também as revistas pornográficas que ele colecionava.

 

Foi graças a essa coleção de revistas pornográficas que papai colecionava no armário do banheiro, que eu aos 03 anos de idade passaria pelo meu primeiro trauma sexual, quando eu tinha por volta dos 05 anos de idade e nosso irmão mais velho, o Paulo, tinha por volta dos 09.

Foi pouco antes do Pedro nascer, que Paulo, que já estava saindo da infância e adentrando a pré-adolescência e quis imitar aquelas cenas das fotos das revistas pornográficas que nosso pai colecionava e guardava no banheiro, comigo que era seu irmão mais novo de apenas 05 anos, primeiramente colocando seu pênis em minha boca a força e logo em outra ocasião penetrando-me através do ânus, o que não foi concretizado, graças ao fato de ele não ter tido uma ereção.

 

 

No momento em que esses eventos traumáticos de ordem sexual feitos contra mim por meu irmão mais velho durante os primeiros anos de minha infância aconteceram, meses antes de o Pedro nascer, eu realmente não sofri nem acumulei nenhuma forma de trauma, apesar de ter gravado muito bem em minha memória aquilo que havia ocorrido e ter sentido instintivamente dentro de mim que era uma criança de 04 ou 05 anos, que aquilo era uma violência e que aquilo estava mesmo errado.

 

Apesar de ter no máximo 05 anos de idade, aquele evento ficou gravado em minha memória como uma coisa muito horrível e muito feia que meu irmão a mim havia feito.

Durante todos esses primeiros 05 anos de vida, meu irmão mais velho Paulo, certamente ao ver como meu pai se comportava de forma cruel e sádica com nossa mãe, repetia aquele comportamento comigo, de maneira a desenvolver também em sua infância uma personalidade sádica e doentia, feita a imagem e semelhança da personalidade que nosso pai já tinha.

 

Não era somente através do sexo precoce que Paulo estava disposto a gerar traumas. Ele era um provocador, um competidor, gostava de mentir, colocar medo, assustar e parecia estar empenhado em buscar formas de me fazer chorar. Nossa mãe já não aguentava mais escutar o meu choro e minha voz gritando do quarto ou da sala: “Para Paulo!” O Paulo era tão provocador, assustador e cruel e eu chorava tanto, que aos 03 anos a família me apelidaria de “Manteiga derretida” ou “Manteiga do Paraíso” fazendo alusão ao bairro em que nós morávamos.

 

Foi justamente nessa época, que tanto nosso pai como a mãe e meu irmão mais velho, criaram dentro de mim o que eu considero que foi o meu segundo maior trauma.

 

Desde que a Micé havia ficado grávida de mim no final de 1979, quando eles ainda moravam na chácara do curtume somente com o Paulo, em Sorocaba, que todos eles, papai, mamãe e o Paulo, desejavam que o próximo bebê que chegaria na família, fosse uma menina e o desejo era tanto, que eles 03 já tinham inclusive escolhido um nome para a que seria irmã mais nova de Paulo e esse nome era Ana Paula.

 

Dado os costumes e as tecnologias primais disponíveis naquela época, onde era comum as famílias não quererem saber o sexo da criança e descobrir esse somente no momento do parto quando essa nascesse, levou um período de mais ou menos 06 meses, até que nossa mãe descobrisse e revelasse, qual seria o sexo da criança da qual ela estava grávida e era eu.

Quando foi revelado que eu seria um menino, ninguém escondeu a frustração de que eu não seria a Ana Paula e desde que me dou por gente, me lembro perfeitamente de escutar meus pais ainda lamentarem não ter tido uma filha.

O Evanir, a Micé e o Paulo estavam tão á vontade com o desejo frustrado pelo meu sexo masculino, que não se furtaram a oportunidade de fazer bullying com uma criança de 03 anos que era eu.

Era comum para meus pais e para o Paulo durante o período que compreendeu os meus 03 até os 07 anos de vida, colocar um pano em minha cabeça, para fingir o cabelo comprido de uma menina e me chamar de “minha Ana Paula”.

 

Ainda que eu tivesse somente 03 anos de idade, aquela brincadeira realmente me traumatizou na época de maneira que eu chorava, gritava e berrava que eu não era a Ana Paula e guardei aquilo em meu inconsciente, ciente de que aquela era uma das maiores sacanagens do mundo que alguém poderia fazer com uma criança.

Imagine o leitor, o que acontece na mente de uma criança de 03 anos que como qualquer criança, ama seus pais e seu irmão mais velho e quer ser amado por esses e descobre que ele não é aquilo que seus familiares queriam nem estavam esperando, pois ele é um menino e todos estão dizendo friamente enquanto sorriem, que queriam uma menina e estão tirando sarro de sua cara por isso, com a crença ridícula de que tudo é “apenas uma brincadeira”, o que talvez para eles realmente fosse, pois não tinham consciência desse sadismo e do trauma que estava criando?

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Desejamos a todos os nossos leitores e leitoras que a leitura tenha sido agradável e que se animem a adquirir o livro de forma física, ou digital.


Saudações cordiais a todos e muito obrigado.

Namastê,

Ruy Mendes - Dezembro 2022.

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