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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

The Ice O Lator - A Máquina que faz Haxixe.


Ice o lator... A Máquina de fazer Hashish.


Na Espanha, cada pessoa que more em uma casa ou apartamento que não tenha crianças, pode ter até quatro pés de cannabis, (“maconha”) em casa. Eu não faço apologia de nada que não seja yoga & massagem, mas o que aconteceu comigo essa semana merece uma crônica aqui no blog.


Fui visitar o amigo de um amigo que tem fama de ser o Mago ou o aprendiz de Mago, o cara da galera que mais sabe e melhor sabe tudo sobre as plantas.









É muito interessante entender o “maconheiro” fora da ótica da criminalidade e da vagabundagem e dar a esse sujeito, que em minha opinião pode ser considerado o “herói da resistência”, a ótica mais adequada de botânico, adicto, apaixonado, tarado, ou Mago enfim.






Cada país tem uma forma de abordar a erva segundo a Lei dos Homens e cada pessoa tem uma forma de se relacionar com ela. Ainda que você não fume e não goste de maconha, seguramente nas suas relações sociais e culturais, de alguma forma já viu, pegou, ouviu falar ou tem um amigo que usa ou é apaixonado. Quanta gente vi pelo mundo, de todas as idades, ostentando num gorro, numa camiseta aquela folha de cinco pontas e ao olhar para cara do sujeito me perguntava, será que ele sabe que folha é essa estampada?




Pensando bem, a Maconha está para o ocidente como Budha para o catolicismo. Quero dizer que, ainda que tenha havido a inquisição e todas as tentativas do império ocidental católico e judaico para emplacar uma versão dos fatos da história do mundo, O Budha é um fato que não deixa dúvidas que, existiram muitos outros iluminados, muitos outros Avatares além do Jesus Cristo ou Moisés e mais ainda, o Budha nos mostra que esse Avatar pode ser qualquer um de nós.



Na nossa cultura há pelo menos 5 mil anos, a maconha sempre foi tida como uma poderosa matéria prima, muito antes de começar a ser fumada. Mas foi depois de fumada e adotada por pelo menos 10% da população mundial é que de 80, aproximadamente 100 anos para cá uma eficiente campanha de "endemonização" da erva começou a se instalar nos impérios do ocidente e essa curiosa planta, passou a ser tratada como objeto de ódio, perseguição, fetiche e adoração por muitos.



Ao mesmo tempo em que em alguns a erva causa náuseas, tonturas e até surtos psicóticos, em outros ela causa calma, fome, estado de graça e relaxação. É sempre uma loteria incluir qualquer droga, mas principalmente a maconha em nossas vidas por que a diferença entre a erva companheira e a mão que conduz a coleira é bem tênue.

 Na casa do amigo do amigo, além de um jardim projetado para as plantas, ele tinha uma máquina que se chamava Ice O lator. Pouco maior que uma cafeteira a máquina fazia o melhor Hashish de toda Europa, podendo uma grama chegar a custar até 60 pounds (240 reais).




Fiquei lá na casa do Mago umas duas horas admirando plantas, tomando água e conversando sobre cultivo com o dono da casa. Quando eu perguntei se ele sabia fazer hashish é que me mostrou a máquina e ainda disse: “- Espera aí, vamos conversar de haxixe agora”:
Entrou ele num dos quartos da casa e em 5 minutos, voltou com uma madeira do tamanho de uma taboa de passar roupa e nela diferentes coadores de café espalhado pela superfície e em cada um desses coadores, constava uma fase da preparação da curtição do hash. O domínio do Mago com as plantas era tanto que ele era capaz de saber e controlar o teor de THC de cada fase do haxixe. Eu nunca tinha visto nem em Amsterdam algo com tamanha precisão. O Mago era tão dedicado, tão matemático, que se igualava a um cavalheiro para com as damas. Durante a conversa, percebi que a realidade da maconha ao redor do mundo, vai muito além do que eu pensava. Eu estava em contato direto com os homens que tratam desses negócios a nível mundial europeu. Mas o mais interessante é que isso acontece, sem que esses sujeitos tenham o menor interesse em ser homem de negócios.





Nessa hora lembrei que uma das maiores preocupações de minha adolescência, pelo menos dos 15 aos 19 anos, era que o Denarc enfim conseguisse erradicar a maconha do planeta. Isso realmente era importante pauta de meus pensamentos quando era bem novo.




Naquele momento na casa do Mago, me lembrei disso que sentia e já não recordava. Então percebi que essa erradicação que sempre vi os delegados do Brasil prometerem nos programas de auditório é tão inviável quanto conseguir fazer as pessoas pararem de matar animais para comer e se alimentar.



Diferente dos perfis de pessoas que comandam a plantação e a venda de fumo em nosso país e em nosso continente, na Europa quem planta, usa, são uns tiozões que se você olhar pela rua num da nada, tem residência, trabalho, casa, filhos. Poderiam ser o seu tio ou o seu pai, ou ainda qualquer um desses homens que trabalham e vivem com um pequeno diferencial de serem Canbinômanos.



Esses caras podem até plantar e vender marihuana por dinheiro, mas a verdade é que suas vidas tomaram esse rumo por que conseguem obter resultados das plantas que outros não conseguem.

Esses homens em 5 minutos de contato com um pé de cannabis podem saber o tipo, se está sendo bem tratada, se precisa de sódio, de mais ou menos potássio e etc. São como médicos e entram no negócio das plantas não por dinheiro, mas por que seu talento os encaminhou para isso.




Esses sim são verdadeiros heróis da resistência. Com toda a publicidade e todas as negativas possibilidades que plantar maconha incluem na maioria dos países do mundo, esses homens se disfarçam no seio das sociedades, passam por moralistas e vivem seus karmas de fiéis cidadãos pagadores de seus impostos, ovelhas do establishment, mas intimamente cultivam uma paixão pela planta de cannabis e preparam toda sua vida de maneira a estreitar os vínculos com a planta de forma que a sociedade não saiba.






São mestres do disfarce e da paciência. Trabalham para não deixar rastros, pistas, vestígios, aromas ou qualquer outra coisa que possa incriminá-los. Vivem como produtores e diretores dos bastidores de um showbizz, Onde a planta é o astro, os usuários a platéia e eles o Cérebro por detrás daquele entretenimento todo.






Isso me fez pensar:

Quantas invencionices aceitamos como verdades, para preservar o caos em que vivemos e perpetuar esse como a única possibilidade?







Quanta gente foi privada da liberdade e misturada a criminosos por causa dessa plantinha?




Quantas tecnologias e mentiras, nós temos de assimilar desde a antiga china, onde constam os primeiros registros do uso de cannabis para cosméticos, remédios e relaxamentos, até a invenção do Ice O Lator, a máquina de fazer Hasish?
















Nossa incompetência e limitação enquanto seres humanos, nasce da crença num “Eu” diferente do outro.



R.M. – Médico animósico - novembro de 2009







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