quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Hip-Hop - Muitas Mentiras e Grandes Enganos

Thaíde & DJ Hum


A primeira vez que escutei Hip-hop, ou rap, como se dizia em minha infância, fiquei encantado. O Nome dele era Thaíde, acompanhado de seu DJ Hum, que o filho do zelador do prédio vizinho do meu mostrou pra mim. Aquela não era minha realidade, que era a realidade da classe média dos anos 90, no bairro do paraíso, com metrô, ônibus, avenida paulista, cinemas e shoppings por perto. Mas mesmo assim me seduzia. Era uma forma inteligente e original de se fazer protesto. O filho do zelador tinha o apelido de "Esponja" graças a seu cabelo sarará e de maneira bem humorada, recebia todo tipo de preconceito maquiado de "brincadeiras" que nossos amigos e vizinhos considerados "playboys" faziam. Através dele e de seus amigos entrei em contato de maneira mais profunda com a realidade e cultura das periferias. 






Anos depois conheci os Racionais MC, que de cara me fizeram gostar muito das letras e músicas além de me fazer sentir uma espécie de orgulho por ter problemas financeiros e não ter a mesma realidade cheia de facilidades que tinham os meu amigos, vizinhos e conhecidos da "classe média", e ter de enfrentar as dificuldades que enfrentei para conseguir fazer as coisas que queria e por vezes conseguir fazer elas sem contar com a ajuda e com o dinheiro de meus pais. 


Final dos Anos 90, Me lembro perfeitamente de frequentar o bar do Geraldinho no bairro do bexiga nos arredores do centro de São Paulo, onde acontecia os ensaios da escola de samba "Vai-Vai" e ali encontrar Mano Brown acelerando seu diplomata sempre cheio de pessoas dentro, contando vantagem, acelerado suas células com gírias e tretas e se recusando a apertar a mão de qualquer pessoa que fosse branca, inclusive aquelas que admiravam seu trabalho. Pedro Paulo com seu estilo revoltado dava medo e impunha respeito, talvez sem ter a consciência de que, através de atitudes como essa, promovia o racismo e o preconceito que tanto cantou ser "vítima" em suas belas letras.


Considero que era duplamente mais complicado, pelo menos para minha sensibilidade, viver entre os playboys e ter uma vida de "pobre" super limitada, já que a cada convite e oportunidade minha resposta era sempre "não", do que ter amigos iguais, que sofrem as mesmas limitações e compartilham as mesmas realidades como provavelmente aconteceu com Pedro Paulo e todos aqueles sujeitos da perifería que depois viraram Idolos do Rap.




No entanto para mim o rap se restringia ao universo brasileiro. Os nomes "RunDMC", "MC Hammer", "Vanilla Ice", "Public Enemy" entre outros eram por mim conhecidos, porém por não compreender o inglês tampouco me seduziam. 




Até esse momento, considero que era puramente música o que esses rapazes estavam fazendo. Do final dos anos 90 em diante, as indústrias fonográficas, mídia e publicidade entraram no jogo de maneira pesada e é a partir desse momento, que surgiram Eminem, Jay Z (e outros rapers que dizem os "conspiracionistas" "venderam a alma ao diabo") que o post de hoje fala sobre. 





Aquilo que nasceu como expressão artística de protesto, indignação e injustiça a respeito da atenção e assistência que as classes mais ricas dão as mais pobres, se tranformou em um festival de "gigolôs mulatos", orgulhosos de aparecerem em fotos mandando as pessoas "tomarem no cú" e de se comportarem como os ricos bandidos que antes os oprimiam e eles com razão criticavam.


 Uma vez que a Indústria Illuminati sequetrou o formato do Hip-Hop para o show bussiness, para a manipulação mental dos jovens do mundo e também os campos psíquicos dos jovens negros e pobres que gostavam daquele ritmo e se identificavam com essa moda, vestimentas e forma de expressão, a revolta e a indignação passou a ter "prazo de validade". 








A Revolta e a Indignação passou a existir apenas até o momento em que aqueles jovens negros pobres, conseguissem virar "classe média" (independente de a pobreza seguir aumentando entre as pessoas de suas origens e bairros), conseguissem atingir o poder aquisitivo dos playboys classe-média tão por eles criticados, participar do mercado de consumo supérfulo e gerar ingressos para seus brancos banqueiros. 






E assim foi com todos os grupos que nos anos 80 e 90 cantavam a realidade da periferia e logo anos depois estavam cantando sobre suas "putas loiras" e "baladinhas" nas festas que faziam dentro de suas casas/mansões ou das danceterias nos bairros ricos, propriedade dos brancos que até pouco tempo atrás davam emprego de doméstica as mães desses rapers. 



Uma enorme mentira, uma imensa palhaçada que hoje segue sendo registrada, promovida e vendida por rapers que fazem parte da cultura hollywoodiana e das comunidades de relacionamento virtual como twitter e facebook. 












Já naquela época a predileção desses rapers por gastar todo um salário mínimo em um par de tênis e jaqueta já era maior do que a vontade de mudar o sistema. Não bastando esse tipo de pobreza e contradição moral, desde sempre eram tiétes da cultura de bonés, tênis e camisetas de basquete americano, jamais o basquete de seus países. Subliminarmente, promoviam a MBA, a Coca-Cola e demais manipuladoras sem sequer desconfiar que contribuíam para que seus países e bairros afundassem na miséria que diziam ser  "culpa do governo"








Falavam mal, criticavam os "playboys" branquinhos do shopping" como os "grandes culpados" mas passaram toda a infância e adolescência desse movimento cultural, lambendo a sola do sapato da cultura americana. 






"Mano Marrom", "Kleber Geraldo", "Edivaldo Pereira" e "Gelo azul". Essa é a tradução literal do nome americanizado dos idolos do rap nacional brasileiro Mano Brown, KL Jay, Eddy Rock e Ice Blue, que muito provavelmente até hoje não falam inglês mas mantém seus apelidos, penteados e trejeitos em língua inglesa, mesmo que sem o domínio do idioma sempre estiveram limitando sua arte e protesto as perifierias de um mesmo país, como se a pobreza fosse um problema local e não uma arma do capitalismo para prosperar a vida de alguns as custas da morte e miséria de muitos. Aliás nunca vi a palavra "capitalismo" na boca de nenhum deles o que não quer dizer que eles não tenham protestado contra esses. Mas o que fica claro é que; Depois de 20 anos de rap, esses senhores hoje são "tiozinhos" classe média, que com razão se orgulham de sua biografia lutadora, mas que desistiram de mudar o sistema, já que se adequaram a ele e hoje se limitam a serem idolos de presidiários e pobres da periferia que provavelmente morrerão dentro dessa perspectiva "idolatrando" a sorte alheia.




Talvez por falta de cultura, percepção e interesse esses sujeitos estejam perpetuando um conceito de existência material como a única forma de prosperidade assim como o sistema que mais os marginalizou durante a infância e marginaliza seus antigos amigos e vizinhos até hoje. 


Em diversos de seus clipes, aparecem "tirando onda", contando o dinheiro das bilheterias de seus shows e distribuindo esses entre seus amigos e equipe de forma exibicionista, sem sequer considerar o quanto fazendo isso se alimentam de faixas de vibração como INVEJA, EGOÍSMO, COMPETIÇÃO e mais que tudo falta de cultura, conhecimento e sensibilidade com seu público, promovendo a nível inconsciente diversas formas de atividades injustas para que seus fãs possam um dia contar dinheiro da mesma forma. 








Como se aquelas cédulas de papel fossem algo mais que cédulas e tivessem algum valor que não sejam DÍVIDAS no sistema financeiro que oprime, escraviza e controla não apenas a perifería de onde eles vieram mas toda a raça humana. 











Esses "Senhores do Rap" orgulhosos de sua biografia e cor de pele, hoje se limitam a uma agenda de shows, a uma cambada de "fãs", a Jogar video game e ter a parede de suas casas decoradas com quadros de Tupak ou Malcom X, sem perceber que não dão mais exemplos de resistência e provavelmente envergonham seus Ídolos que penduram na parede, se permitindo ser vampirizado por um sistema que deveriam ainda lutar para estar transformando. 


Esses "Senhores do Rap" Não encontram forma de evoluir a não ser desfrutar aquilo que o dinheiro pode comprar, por que em outros níveis de consciência fazem questão de permanecer ignorantes. Apóiam políticos populistas e gansters da Indústria musical. Permitem que uma grande mídia os use e vampirize sempre com a finalidade de vender, vender e apenas vender. Provavelmente como a grande maioria, desconhecem, desprezam e ridicularizam a realidade sobre a espiritualidade e assim sendo, só lhes resta afirmar a existência na matéria.



O novo Idolo que a indústria fonográfica "foi buscar na periferia de grajaú" para continuar mantendo os jovens baixo doutrinação mental através da adoração de "Idolos" e a crença de que no capitalismo "todos podem ser vencedores" é um jovem branco, de olhos amendoados e fala mansinha que ironicamente tem o nome artístico de "Criolo". Sua biografia no rap é impecável, suas maneiras são a de um "príncipe", sua música é realmente muito boa e contagia. Sua revolta é o sonho de consumo poético que os neo-liberais, corporativistas e sociais democratas racistas do estado de são paulo sonham para quem quer que seja um dia queira protestar ou dizer alguma "verdade". Nada disso maquia o fato de que mudam os peões e as cores das peças (peles) do xadrez, mas os donos do tabuleiro são os mesmos. E esses cada vez mais parecem tirar sarro da cara dos jovens consumidores dessa e de muitas outras culturas reconhecidas como "tribos urbanas" que nascem de uma necessidade imperativa de mudança, mas logo em pouco tempo são infiltradas e passam a ser utilizadas no processo de manipulação e doutrinação (que um mercado editorial e de mídia como a revista na imagem ao lado promovem) e assim permite manter o poder do planeta terra e a administração da raça humana nas mãos de quem sempre esteve.

O motivo desse post não é apenas "criticar" menos ainda falar mal de rappers ou da "cultura" hip-hop a qual eu, apesar de sempre ter sido branco e jamais ter sido pobre ou miserável ainda que tenha lá minhas revoltas e tenha passado meus perrengues e necessidades, modesta e honestamente sempre desfrutei, admirei e apreciei. 


Muito mais do que isso a intenção é deixar claro que para que o mundo mude as pessoas precisam mudar. E para que as pessoas mudem é preciso que elas compreendam o que estão fazendo e permitindo que as Elites façam. 


Enquanto permitimos uma cultura musical fashionista egoesclerótica onde o protesto se limita usar roupas largas, a fazer lindas rimas e diferentes formas de rebolado com as "mãozinhas para o ar" predomine, sem que isso possa alterar as bases do sistema que nos oprime, censura e escraviza a nível existêncial e mais que tudo espiritual, não vamos diferir em nada daquelas pessoas que assistem a novela das 18h, depois o jornal, a novela das 19h e outro jornal, e depois a novela das 21h, o filme e mais um jornal e acreditam que são "felizes", "cultas" e se "divertem" enquanto sanam suas depressões e sentimentos de derrotas com pílulas e sendo expectador das misérias dos outros que dão graças a deus de não ser, como se não fossem parte integral nas causas dela. 

Se esses Idolos do hip-hop brasileiro não se engajarem com os movimentos de libertação que hoje estouram no Egíto, na Síria, no México, em diversos países da europa e a imprensa brasileira os deprecia apenas como "indignados" ou "revoltados", ficarão registrados na história como os puxa-sacos e imitadores daquilo que há de pior na cultura americana que são esses rapers que promovem o consumismo, a prostituição, o acúmulo de dinheiro e bens materiais, a felicidade através de roupas de grife e de um estilinho salafrário.


Que Deus abençoe a Música em todas as suas variantes e a Verdade sobre ela no planeta terra e que a Indústira de consumo e o mercado capitalista, sejam exorcizados de uma vez por todas dos campos psíquicos e sensitivos de cada pessoa, rica ou pobre. 


Somos todos Um.
Namastê

Ruy Mendes - dezembro 2011.

Um comentário:

  1. Mesma coisa com o punk e o movimento hippie. O capitalismo, por meio de estratégias publicitárias, transforma as ideias para que possam ser consumidas pelo maior número de pessoas possíveis. As ideias devem ser simplificadas para se tornarem parte do senso comum, ou seja, tudo deve acabar em sexo e status quo.

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